quinta-feira, 9 de outubro de 2008

UM PEQUENO MUNDO QUE NÃO CONHEÇIA.




11/01/2001

. A cada mês eu percebia que algo

estava mudando... e a cada dia eu perdia Déborah

para um pequeno mundo que nunca cheguei a conhecer.”

Aquele pequeno mundo que Déborah se refugiava todos os dias, era por mim muito questionado. Eu não conseguia, de maneira alguma abrir a porta que pudesse me levar a ele, nem que fosse por algum instante.

Por mais que eu tentasse fazê-la notar minha presença, ela permanecia alheia a qualquer movimento ao seu redor, nem mesmo os brinquedos musicais, que por sinal eram inúmeros, nem os barulhos insistentes dos maracás que balançávamos na sua frente tiravam-lhe a atenção das argolas coloridas que rodava constantemente fazendo-a sorrir, numa alegria que me dava ciúmes. Eu não aceitava ser trocado por aquelas argolas...mas nada me fazia trazê-la para o meu mundo.

Girei várias vezes as argolas para Deborah, sempre que queria vê-la sorrir. Eu alimentava em mim uma esperança de um dia, quem sabe uma vez só, ela me percebesse.

A cada dia essa esperança aumentava. A cada mês eu percebia que algo estava mudando... e cada dia eu perdia Déborah para um pequeno mundo que nunca cheguei a conhecer. E mesmo pegando na minha mão várias vezes como se me pedisse para continuar girando as argolas, eu sentia que estava muito distante de mim...e ela já completava seus três aninhos de vida.

Todos os meus recursos pareciam esgotados. Meu sonho era vê-la um dia chorar ao me ver partir, ou quem sabe, sorrir ao me ver chegar, mas mesmo eu a chamando pelo nome, continuava perdida em seu silêncio, sorrindo para algo invisível que somente ela via...e eu chorava.

Chorei muitas e muitas vezes, enquanto ela sorria para as argolas coloridas que eu mesmo girava. Debinha era um pequeno anjo com o qual eu não conseguia me comunicar. E na ansiedade de interagir com ela, eu, sem saber, era cúmplice, deste silêncio que roubava meu pequeno anjo de mim. Descobri que aquelas argolas coloridas, mesmo fazendo-a sorrir, lhe aprisionavam numa outra dimensão, deixando-a distante de mim, mesmo estando ao meu alcance.

Por intermédio de alguns neurologistas, soube que o simples gesto de rodar qualquer coisa que ela tocasse, era sintoma do altista, e que nós deveríamos impedi-la de continuar com este ato repetitivo.

Era então, essa a nossa missão: impedir que Déborah girasse qualquer objeto. E para cumprir tal missão, teríamos de perder o seu sorriso que ficou mais raro. Havia instante que eu, mesmo sabendo que não era correto, girava as argolas só para ver o seu sorriso mais uma vez.

Com o tempo, Debinha começou a se interessar por música, e quando algumas tocavam, ela começava a sorrir. Suelane e eu gravamos várias músicas que gostava e repetíamos sempre.

Entre muitas músicas já passadas, hoje Déborah é apaixonada pela música “Amor Sem Limite” do rei Roberto Carlos. E quando Barbarah resolve fazer dupla com o rei, ela não dispensa uma gargalhada.

Porém, nada é mais importante hoje para ela do que a minha presença, por isso tenho renunciado a vários convites em que, por ocasião de horário, não posso levá-la.

Ela parece já conhecer o som das minhas passadas, e ao perceber que estou chegando vem correndo ( de joelhos ) para os meus braços.

Suelane e Barbarah se reversam comigo na missão de fazê-la estar sempre presente no nosso mundo e as argolas coloridas se ainda existem, Debinha nem percebe e seu mundo já não é mais tão limitado.

Somos felizes ao seu lado e eu não poderia querer mais, e como diz o rei: “Eu nunca imaginei que pudesse existir um amor desse jeito, do tipo que, quando se tem, não se sabe se cabe no peito.”

E quando estou lhe ensinando a andar e a vejo tão feliz, não acredito que possa existir algo que me faça mais contente, vendo-a assim, igual a um passarinho aprendendo a voar.

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Hoje Déborah perto de completar 16 anos já não anda mais, nem por isso deixa de me fazer feliz quando vem ao meu encontro de joelho. Às vezes penso que meu pequeno anjo vem rezando por eu chagar em casa. E ela abre os braços e esculto seu coração batento como se me chamasse de pa-pai...pa-pai...pa-pai

Transcrito do livro: “ O Diário de Déborah Autor Vaumirtes Freire

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Debinha adora passear de carro por Sobral e todos os dias nós serpenteamos pelas as ruas da Princesa do Norte a contemplar os casarões centenários desta linda cidade tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Sempre ao meu lado Debinha vai deleitando com o olhar a paisagem que se dissorve ao passarmos. Em seu silêncio ela observa tudo, mas uma coisa é certa, ela olha mais pra mim doque para o mundo que passa lá fora.

E ali me observando em silêncio chego a pensar que ela consegue ler meus pensmentos.



Digo sempre que se não existisse abraço, Debinha teria inventado, pois é o que mais adora fazer. Abraça-me a todo instante, parece até que tem um imã nela ( O amor, claro) que nos gruda sempre que nos vemos.
Pode esta fazendo qualquer coisa, até mesmo tomando seu leitinho, ela deixa de lado e lá vem, caminhando de joelho para me dar um abraço, isso quando não saio voando até ela, pois basta só um olhar em silêncio para eu ir ao seu encontro, caso conntrário quem vem é ela batendo as asinhas...Parece até um pequeno anjo em oração.

Faço de minhas pernas as suas pernas e saimos os dois abraçados a passear. Déborah feliz agarra-se em mim e parece ser minhas asas, então voamos.. . è como se o beija-flor voasse com a flor...
É impossível existir tanto amor e tanta felicidade, no entanto existe. ..e o que eu posso querer mais?
Quem sabe ouví-la chamar-me de papai, nem que fosse apenas uma única vez? Meu Deus, é querer de mais?

A resposta veio com a Barbarah.
Sapeca, tagarela e se adora também pegar carona nas asas deste seu beija-flor.
Barbinha é o nosso raio de luz. Um pequeno anjo enviado por Deus para nos ajudar a cuidar de sua irmãzinha.
" As vezes penso que a tagarelice de Babu é para compensar o silêncio da Déborah, por isso adoro os seus porquês, suas dúvidas e sua histórias inéditas que me conta, mostrando uma grande imaginação."
" Paínho, sabe porque Debinha não fala? E porque ela é um anjo especial, painho."
Realmente Barbarah tem razão. Deborah nos fala através do coração em seu silêncio, pois nunca me disse que me amava e até hoje não encontrei quem me amassem tanto...ame-me mais doque eu a mim mesmo.

A VOZ DA DÉBORAH


Déborah está a cada dia melhorando bastante a sua percepção, me surpreendendo a cada momento com atitudes que antes eram quase impossíveis de acreditar, já que, segundo alguns os médicos, o seu cerebro teve a área de entendimento bastante afetada pelas consecutivas convulsões, sendo mais de cinqüenta ao todo. E que, por não serem diagnósticadas corretamente por alguns pediatras que diziam ser aquilo apenas cólicas de recém nascidos, causaram lesões irreversíveis.


( É assim o nosso amanhecer... Me abraça e a levo para o banho. Escovo sua boquinha, lhe banho e depois de arrumada vamos com sua mãe deixar a Babu no colégio. Ela adora passear )
( ... )


Essa lesão fez com que Debinha, por muitos anos não me reconhecesse, nem sequer percebesse que eu estava ali, ao seu lado, igual um beija flor que mesmo podendo voar, tornava-se um prisioneiro de sua beleza angelical, do seu silêncio de flor. E ali, envolvido no mistério do seu olhar, eu cantava, chorava e contava-lhe meus sonhos. Pedia em minhas preces que olhasse nos olhos, mas era como se eu fosse transparente e seu olhar parecia me ultrapassar toda vez que eu bloqueava a linha do seu olhar, procurando inutilmente ser visto por ela que sequer percebia os inúmeros brinquedos que o cercava.


(...)

Quando estamos passeando a sós pelas lindas ruas de nossa querida Sobral, eu repouso o olhar no silêncio dos casarões antigos nas madrugadas dos fins de semana, então, quando menos espero, a escuto cantarolar ali ao pé do meu ouvido, pois sempre fica atrás de mim com a cabecinha deitada no meu ombro, a admirar as árvores que passa por nós em sentido contrário, balançando os galhos em adeus.



(...)

Ela é para todos nós, Suelane, Barbarah e eu, o nosso pequeno anjo que, apesar de ainda permanecer em silêncio, consegue falar conosco do seu jeitinho, cabe-nos ser tão especiais quanto ela para entendê-la melhor.
Sei que um dia ainda a ouvirei me chamar de papai, mas se isso não for possível, não importa, o importante é que eu já posso dizer que ouvi a voz da Déborah.


Fragmentos do texto A voz de Déborah
Transcrito do livro O Diário de Déborah

A LINGUAGEM DOS ANJOS


Hoje, Déborah já começa a nos entender. Vez por outra nos surpreende por compreender o que antes falávamos por falar. Ela é um pequeno anjo que Deus deu-me o privilégio de tê-lo ao meu lado, visível, mas que não posso ouvi-lo...Ainda.

21/11/2003
(Nós quatro apeertadinhos no carro rumo ao sertão)

Muitas e muitas vezes fiquei falando palavras ao vento, respondendo por Déborah as próprias perguntas que lhe fazia. Tentava, em minha imaginação, ler seus pensamentos, e ela, em sua meditação de pequeno monge em que se tornou, permanecia em seu mundo limitado, quase que intransponível, perdida em labirintos de um silêncio que ainda o aprisiona até hoje, tornando-nos, às vezes tão longe, apesar de estarmos abraçados.
( ... )
Quando precisa ouvir algo que quer que falemos por ela, faz de nossa voz a sua voz e, tão delicada como o toque do caule de uma flor no espelho d’água do lago em silêncio, ela acaricia nossos lábios com o toque mágico de suas mãozinhas de santa, então, perguntamos: “Você quer beber? “ Se a resposta for verdadeira, ela começa a sorrir e a pular de felicidade, parando só para repetir o mesmo gesto, se custarmos, no entanto, se é outra frase que quer ouvir, repete o toque em nossos lábios até acertar a tecla do comando da frase que quer dizer.

( Antes de sair para trabalhar é um grude só)
( ... )
Um dos momentos mais lindos que me emociona é quando a vejo feliz da vida, abraçando a sua irmãzinha, a Barbarah, nosso raio de luz, um anjo tagarela que Deus nos enviou para falar pelas duas, e que amamos nos impacientar com ela questionando tudo que ver. Outro momento é quando a vejo voar para os braços de sua mãe, ou procurar por ela ao ouvir sua voz, porém nada... nada é igual quando a vejo tentar tatuar seu rostinho no meu rosto com um forte abraço, como se tivesse medo que este seu beija-flor voasse para bem longe, nem sabe que eu sou muito mais dependente dela do que ela é de mim.
Déborah e Barbarah

Fragmnetos do texto A LINGUAGEM DOS ANJOS do livro O diário de Déborah




segunda-feira, 31 de março de 2008

“A MINHA HISTÓRIA DE AMOR”“


Texto escrito em 23/02/89, só com os títulos das músicas do Rei Roberto Carlos. Está um pouco diferente do original, pois atualizei com algumas músicas novas.


Leia, pois não é nenhuma obra de ficção, e qualquer semelhança com a sua Love Story não terá sido mera coincidência, pois assim como a sua, esta é


“A minha história de amor.”



“Como é bom saber” que “Do outro lado da cidade”, “Olhando as estrelas”, “Você me pediu” “Pra você” em “Seus pensamentos”. E eu, “Ingênuo e sonhador” “Às vezes penso”, “As mesmas coisas” “Além do horizonte” , “Esperando você”.
“Como é possível” “Nas jovens tardes de domingo” “Por motivo de força maior” eu decidir que “Não vou ficar”, mas é “Da boca pra fora”, então “Perdoa-me” de ser “O careta”, mas “É preciso ser assim” eu “Quero apenas” mostrar o “Resumo” do “Meu jeito estúpido de te amar”, pois não quero viver “Triste e abandonado” “E este meu ciúme” é porque “Eu estou apaixonado por você”, então “Não precisa chorar”, “Não quero ver você triste”, pois “Eu te darei o céu” e no “Café da manhã” “Nada vai me convencer” de ser “Maior que o meu amor”. “Tente esquecer” certas “Atitudes” minhas, pois somos “Seres humanos”.
“Você não sabe”, mas “O seu corpo” é o meu “Símbolo Sexual”. “Olha”, “Ninguém vai tirar você de mim” porque “Eu sem você” “O que é que eu faço?” “Se o amor se vai” ”Não vou ficar” ”Vivendo por viver” e “Não tente viver sem mim” por isso “Estou aqui” “Mais uma vez” porque “Preciso lhe encontrar”.
“O splish, splash” que fez “Aquele beijo que te dei” “Com amor e carinho”, “Falando sério” foi “Tudo que sonhei” por isso “Nunca mais te esquecerei”. “Custe o que custar” mas “Nos finais de semana”, “Quero ter você perto de mim” e “Não vou deixar você tão só”, pois sou um “Amante à moda antiga”.
“Você é linda!” “Quantos momentos bonitos” “Eu me recordo”. “São coisas do coração”, “Coisa que não se esquece”.
A primeira vez “Quando te vi passar” “Sorrindo para mim”, “Parei, olhei” e “Quase fui te procurar” “Pra ser só a minha mulher”. São “Detalhes”, “Recordações” que nem “O tempo vai apagar”. “Por isso”, “Estou aqui” “Outra vez” pra dizer “Do fundo do meu coração” que “Aceito o seu coração” e que o nosso “Amor sem limite “será eterno.
“Se eu pudesse voltar no tempo” e mesmo que eu fosse “Brucutu” ainda seríamos “A menina e o poeta” e viveríamos essa mesma “Rotina”.
Tenho “Fé” em “Jesus Cristo”, nesta “Luz divina” e em “Nossa Senhora”, que seremos no futuro “Os velhinhos” mais felizes.
E quando este dia chegar, ainda direi: “Eu te amo, te amo, te amo.”

“Só escrevemos aquilo que vivemos, sentimos e gostamos,
assim também são os leitores.” – Vaumirtes Freire

terça-feira, 4 de março de 2008

album de família








Essa é Debinha aos seus três anos de idade. A mais linda flor que já vi em toda a minha vida. Nesta época ela não sorria com a minha chegada, nem chorava com a minha saída, mas apesar do seu silêncio eu percebia que seus olhos brilhavam ao me ver e enlagrimavam ao me ver voara.
Foi então que escrevi esta poesia.
O VÔO DO BEIJA-FLOR
Ao voar o beija flor
Balançou todo o galho.
Levou nos olhos o orvalho
Deixou suas lágrimas na flor.
Ao acordar a linda flor
Bincou com as gotas no galho.
Pensando serem orvalhos
As lágrimas do beija-flor.