segunda-feira, 12 de julho de 2010

O AMOR É TERNO

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É impossível existir tanto amor e tanta felicidade, no entanto existe...O que eu posso querer mais? (Vaumirtes Freire)

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Quando Debinha tinha apenas quatro anos de idade, ela vivia num mundocompletamente impenetrável, pois apesar de nós ( Suelane e eu ) direcioná-lhe todo o nosso amor e a nossa dedicação, renunciando tudo para ficarmos ao seu lado, ela nem se quer distinguia-nos de qualquer outra pessoa. Aquilo doía bastante em mim, pois eu sonhava vê-la correr para os meus braços ao chegar em casa, mas ela era uma florzinha presa no galho de suas limitações e apenas se interessava pelas suas mãozinhas, fazendo mímicas... talvez tente abrir um portal para vir ao meu mundo, e eu não entendia.

Sonhava até em vê-la chorar ao perceber que eu iria trabalhar, mas nem se quer acompanhava-me com olhar. Era como se cada momento de sua vida fosse congelado, sem nenhuma novidade, sem nenhuma mudança que lhe fizesse perceber o tempo que passava tão rápido para mim, mas que para ela havia parado.

Acreditei muito que ela pudesse me entender. Mesmo em certos momentos eu achava quase impossível a realização deste sonho, diante a pouca evolução que apresentava.

Cada sorriso seu, mesmo que fosse para o vazio do silêncio que o infinito do seu olhar se aprisionava, era como se nos enviasse a mensagem para que não desistíssemos de sonhar. O toque de suas mãosinhas em minhas mãos pela primeira vez, me pedindo para girar uma argola colorida que a fazia sorrir, era o que estava faltando para, não só eu, mas também para Suelane, acreditarmos muito mais no nosso sonho.

O tempo passou...

Déborah hoje chora ao me ver saindo de casa, por isso tenho que sair sempre escondido dela. À tarde por volta das 17h30 se eu não chegar do quartel ela começa a chorar, olhando para o portão na esperança de a qualquer momento me verá surgindo. Ás vezes até me atraso de propósito só para vê-la vindo ao meu encontro com uma felicidade estampada no rosto e uma lágrima em cada olho, como se fosse duas gotas de orvalho iluminando uma flor. Ás vezes vem engatinhando ao lado da Barbarah que voa ao meu encontro querendo sempre chegar primeira, outras vezes andando de ponta de pé como uma pequena bailarina a dançar nas nuvens com asas nos pés, mas não existe algo mais divino quando a vejo vindo de joelho ao meu encontro para me abraçar numa felicidade que nenhum poeta consegue fazer poesia mais bonita do essas que trás no olhar.

Nesta semana, segunda feira a menina que cuida Déborah na nossa ausência, falou-me algo que merece ser registrado. Disse-me que quanto preparava a sua sopa comentou que a mesma estava bastante gostosa, então Deborah começou a sorrir batento palminhas de alegria, porém no mesmo instante falou que iria comer um pouquinho. Para sua surpresa Debinha parou de sorrir, fez beicinho e começou a chorar sem consolo, sendo preciso ela retirar o que havia dito, pois achava ser isso o motivo, então para sua maior surpresa ela parou de chora e voltou a sorrir, mesmo permanecendo as lágrimas no rosto mais lindo que já vi.

Deus tem estado bastante presente em nossas vidas. O vejo em pequeno detalhe que para muitos são imperceptíveis, pois é preciso se revestir de simplicidade para sentir uma paz que Ele nos perfuma a alma, e a presença de Déborah na minha vida têm contribuído para que eu o encontre na inocência de sua existência, alimentado na fé e na esperança de que o dia seguinte vai acontecer sempre outro milagre.

Outro motivo que levou a grande evolução dela foi a chegada de sua irmã Barbarah, que como um pequeno mensageiro da fé, veio para reacender a chama da esperança de que uma dia, quem sabe, nós possamos ouvir nossa florzinha me chamando de papai e mamãe. Nem precisa ser tagarela quanto Babu, basta apenas nos falar uma única vez. ..Só uma única vez.

Vivo na certeza de que um dia Déborah irá nos fazer essa surpresa. Sou feliz enquanto espero por este dia, apesar de saber que não está tão próximo. O importante é acreditar que tudo é possível, pois se a fé for do tamanho de um grão de mostarda conseguirá mover montanha, imaginemos essa fé ser do tamanho da montanha.

Mas se for da vontade de Deus que minha filha permaneça em silêncio para sempre, eu ainda serei-Lhe grato por manter visível ao meu lado este anjo da guarda que o chamo de Déborah, e que, assim como todo anjo, ela será uma Eterna Criança, com é eterno o amor.

Transcrito do Livro: O Diário de Déborah (NP)
Autor: Vaumirtes Freire