POEMAS

LINKS ( Aqui você viaja aos diversos site onde
estão semeadas os poemas de Vaumirtes Freire- poeta do silêncio)

1- UM PRESENTE QUE VEIO DO CÊU  ...............  Déborah é um pequeno anjinho que surgiu do céu para meus braços....


2- A POESIA NUMA LÁGRIMA   ....... Num de meus passeios vespertino durante minhas férias,       eu sai somente com Déborah,

3- NO SILÊNCIO DE MINHAS INSÔNIAS.......  O que faço por Debinha não é o que deixo de fazer por Barbarah, mas sim, o que não posso fazer  por ela é o que faço por sua irmã.

4- O MEU SILÊNCIO .................  Cordel  Baseado no Livro O Diário de Déborah


UM POEMA DE AMOR


Escrevi esta crônica no dia 23 de outubro de 1994. Faltavam dois meses para Déborah completar dois anos e eu já começava a perceber que não poderia exigir que a flor pudesse ter asas ou que falasse, como se isso fosse a única forma de ser feliz, pois descobri que um simples olhar de felicidade dela era suficiente para eu ser também. Então, se minha filha era feliz, o que mais eu poderia exigir mais de Deus ? E assim eu consegui ser muito mais feliz como ainda sou até hoje ao lado de Suelane e de nossas filhas: Déborah, nossa flor e Barbarah, nosso raio de luz.
- Vaumirtes Freire


Déborah,
Criei um mundo só nosso. Abandonei sonhos antigos, renunciei a tudo. Nada mais fazia sentido a não ser lhe fazer feliz, minha filha. Procurei em livros respostas para as minhas perguntas, mas em nenhum deles consegui encontrar algo que pudesse preencher o vazio que crescia dentro do meu coração, por vê-la tão distante de mim, mesmo estando ao meu alcance.
Os dias para mim se passavam rápido, mas para você era como se houvesse parado, pois continuava, lentamente, tentando acompanhar o ritmo deste mundo tão longe do seu. Várias vezes refugiei-me num mundo imaginário, e nele eu lhe via correndo para me abraçar, chegando do colégio, com o rosto sujo de tinta pintado pelas tias; várias vezes me imaginei na obrigação de todo dia ir pegá-la na porta da escola, e só depois que a última criança saía eu voltava a realidade... E lá estava você indiferente a mim e aos seus intocáveis brinquedos, se esforçando para engatinhar alguns centímetros do chão, que pareciam léguas.
E o que para muitos era rotina, para mim era um sonho, pois eu vivia num mundo só de fantasia, imaginando você correndo no lugar daquela criança que passava fazendo barulho na calçada; pensando ser você me pedindo a bênção aquela criança que mendigava no centro da cidade, estendendo a mão pedindo algo para comer. Vi sonhos nos seus olhos tão meigos, quando em silêncio, me acariciava com o olhar como se lesse os meus pensamentos, como se me pedisse para não abandoná-la um só instante. Talvez nem sabia que eu lhe pedia a mesma coisa, pois ao seu lado aprendi a ser feliz. Aprendi a sorrir com a simplicidade de apenas existir, e percebi o quanto são felizes os lírios do campo que se curvam, em agradecimentos, ao toque da mais leve brisa que lhe acaricia ao cair da tarde ou ao nascer do dia, mostrando-nos o quanto devemos ser gratos a Deus por nossa existência.
Em cada sorriso seu eu percebi a esperança brilhar, brilhar no seu rosto tão singelo, como se pedisse desculpa por alguma coisa.
Hoje você já nota a minha presença, talvez até distingue-me das outras pessoas, mas se não distinguir não importa. O importante é que já consegue me abraçar como eu sonhei um dia.
Talvez sinta a minha ausência, mas se não sentir, não importa. O importante é que sorri para mim toda vez que me ver. Seria tão bom se corresse para os meus braços ao me ver chegar, mas se não consegue, não importa. O importante é que me espera sentadinha com um sorriso que torna-me feliz como nunca fui antes.
Ah! Como eu queria que pudesse, mesmo que baixinho, e nem que fosse uma única vez, chamar-me de papai, mas se não consegue, não importa. O importante é que, apesar do seu silêncio, eu consigo escutar um voz mais baixa que o pensamento, me chamar.
Eu queria tanto que pudesse entender as estórias que lhe conto quando estamos sozinhos, ou que pudesse pedir-me para cantar uma canção de ninar para lhe fazer dormir, nas noites quando acorda sem sono. Talvez até queira e não consegue, mas não importa. O importante é que continuo a contar-lhe estórias e a fazer-lhe poesias, pois sei que um dia irá lê-las, então, se hoje elas falam de você para o mundo, amanhã falarão de mim para você.


Te amo, minha filha.


É impossível existir tanto amor e tanta felicidade, e no entanto existe. E o que eu posso querer mais ?
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Hoje Déborah já me conhece e com as mãozinhas juntas, como se segurasse nela mesma, teve época de andar sozinha para os meus braços. Não consegue realizar o seu vôo de andar, no entanto vem ao meu encontro de joelhos. E ao vê-la com a mesma alegria de sempre penso que estou vendo um anjo em oração. Eu só queria poder ter o dom para descrever tanta felicidade, no entanto a única maneira de expressar este sentimentos ainda é orvalhando os olhos.


Transcrito do livro : “O Diário de Déborah”  Autor:Vaumirtes Freire- Poeta do Silêncio


 NA POESIA DE UM SILÊNCIO .......


26 de janeiro de 2010, Terça-feira...



Hoje, após 17 anos esperando por um milagre eu me aprisionei num silencio de uma poesia e busquei realiza-lo em minha imaginação. ( Já havia feito isso outras vezes, mas hoje parece que o milagre se realizou mesmo...) Deixem eu acreditar nisso.
Era por volta das 7horas da manhã quando foi até o quarto de Debinha e lhe encontrei cabisbaixo e sentadinha na cama. Parecia zangada por não me encontrar ao seu lado ao acordar. Sentei-me ao seu lado e perguntei por que estava zangada. Ela continuou sem olhar pra mim, porém segurou no meu braço com força como se tivesse medo que eu fosse sair.
Pedi a Deus inspiração para conversar com minha filha. Sei que não seria possível ouvi-la, mas devia haver uma outra maneira de podermos nos comunicar. Fiquei ali a beija-la no rosto, mas ela permanecia sem me olhar, com o olhar fixo no nada e a cada instante apertava mais ainda a minha mão.
“O que foi? “ O que esta acontecendo? “ “ Por que meu amor esta assim ? Fiquei lhe enchendo de perguntas sem resposta e ela nada de mudar seu comportamento. “Minha filha tá com medo? “Teve algum pesadelo? “ “Tá sentindo alguma dor” “ Tá meu amor, meu amorzinho? E, sem que eu soubesse de onde vinha e como sugiram tantas respostas, comecei a chorar e responder por elas todas as perguntas que fiz.
Fui falando, abraçado com ela: de seu medo, seus sonhos, seus pesadelos, das palavras que queria dizer e não conseguia, de tudo que mais gostava e daquilo que não mais queria e não sabia como me dizer, enfim, eu falava, mas era como se Debinha realmente estivesse falando, pois eu estava sentido tudo aquilo e algo me fazia dizer.
Eu ouvi algumas verdades sobre mim mesmo, sobre comportamentos e atitudes que deveriam se tomadas na minha vida.
Então, para a minha surpresa ela começou a sorri e a dar gargalhada, abraçando-me e desta vez eu petrifiquei em silêncio. Deus, era como se eu houvesse ouvido seus pensamentos... os pensamentos de minha filha que há 17 anos permanece em seu silêncio de flor a perfumar minh’alma num misto de alegria e dor.
Pouco depois estávamos no sofá e ela, ainda em silêncio me pedia que eu a beija-se. E era o que eu fazia repetidas vezes enquanto filmava ao mesmo tempo aquela sena. E depois ficamos os dois assistindo abraçados a filmagem. E Deborah, não sei como, me pedia para repetir e ficamos assim até chegar a hora de trazerem seu leitinho da manhã e quebrar nosso encanto...o encanto do silêncio, desta poesia escrita por Déborah.
Transcrito do Livro: “ O DIÁRIO DE DÉBORAH” Autor : Vaumirtes Freire, poeta do silêncio. www.poetadosilencio.blogspot.com E-mail: vaumirtes@gmail.com