sexta-feira, 3 de julho de 2009

EM QUE DEBINHA PENSA?

02/06/2009

Ás vezes, passo horas meditando sobre o silêncio de Debinha e sinto no coração um misto de felicidade e dor invadindo minh´alma quando a vejo apesar de seus dezesseis anos tão dependente de todos e num mundo cada vez mais limitado.
Naquela manhã, quando a vi olhando-me, imaginei em que ela estaria pensando mergulhada em seu silencio. Déborah me olhava como se eu fosse de vidro, tamanho era a profundidade daquele olhar que abraçava a alma. Então fiz a mim mesmo alguns questionamentos:




Em que Debinha pensa quando ao me ver sair para o trabalho abre os braços para me algemar entre eles, sendo as vezes preciso a ajuda da Suelane para desatar o nó que ela faz para me aprisionar ? Será que pensa que não voltarei ? ou apenas me deseja boa sorte como faz sua irmã Barbarah, carimbando-me de beijos enquanto repete: Te amo painho, meu lindo, meu poeta... e por aí vai.
Em que Bebinha pensa quando ao me ver passar por ela e não paro na pressa de ir pegar algo no quarto e deixar o abraço para a volta, e ela começa a chorar?( às vezes fazia de propósito só para vê-la fazer beicinho e o abraço ser mais forte,) Será que pensa que não a amo tanto quanto a um minuto atrás depois do último abraço, ou apenas faz chantagem, coisa que também aprendeu Barbinha quando quer algo e não faço de imediato ?


Em que Debinha pensa quando senta-se ao meu lado para olhar velhas fotografias, mosaicos de nosso passado que faço questão de narrar para ela cada momento ali congelado ? A cada foto ela toca com delicadeza sua mãozinha nos meus lábios, querendo que eu fale algo, é como se eu fosse um instrumento musical dela ( sei que sou), de onde retira não as notas musicais, mas as palavras que quer ouvir ou que deveria dizer dependendo da foto que lhe mostro. Será que ela lembra de algum momento, alguma pessoa ou quem sabe queira apenas me segurar mais um pouquinho ali seu lado fingindo que quer ver as fotos, como aprendeu Barbarah que para dormir tenho que lhes coçar as costas e às vezes chego a dormi antes dela tamanho o cansaço?


Em que Debinha pensa ao observar em silêncio as adolescentes de sua idade chegando no colégio, onde vamos deixar sua mãe e Barbarah pela manhã? Ela, antes apenas parecia fixar um ponto para olhar demoradamente em meditação budista, agora escolhe uma ou outra pessoa e segue seus passos, talvez atraídos pela cor dos laços de fitas ou quem sabe procure outros anjos misturados entre nós que somente quem ver com o coração consegue enxergar? Vez por outra alguns desses anjos aparecem, disfarçados de leitores desta coluna e veem trocar com elas demorados abraços. Alguns já se tornaram meus amigos num pretexto de estar sempre tendo notícia dela, ou me mandando dar-lhes seus abraços, outros nunca o vi antes e depois somem pra sempre, porém antes de sair se abraçam tão demorados que me dar até ciúmes, e como se trouxessem e levassem uma mensagem de anjos.


Em que Debinha pensa quando acorda de madrugada e ao invés de chorar fica sentadinha a olhar pela porta entre aberta a ponta da cama no meu quarto onde durmo, será que monta guarda para me ver sair? Será que esta conversando com Deus, pois percebeu que passo por fortes tempestades e mesmo tendo acordada sem sono achou melhor não me acordar? Ou quem sabe planeja uma maneira de me dizer a verdade sobre ela e finalmente descubra que é meu anjo da guarda, quebrando enfim, o seu silêncio e me chame de papai a cada começo e fim de frase ( pronto, desabei no choro...) como faz Barbarah, que parece até que fala por elas duas.


Meu Deus, em que pensa Debinha, nas poucas vezes quando acorda e não me ver ao seu lado? Será pensa que não me verá mais? E sente esta dor da saudade que a ausência delas três (mãe e filhas) me sufoca quando, as vezes por causa da minha nova missão (Fiscal/Ronda do Quarteirão) preciso sair mais cedo ou passar a noite, juntamente com outros Guardiões da Paz, ser também o anjo da guarda da sociedade que assim como minhas filhas querem acordar sorrindo ao lado de sua família.
Não sei o que Debinha pensa ao acordar e não me ver ali ao seu lado, mas quando chego do trabalho após ter cumprido minha missão de paz e a vejo sorrindo batendo as asas como um passarinho, eu sei que ela pensa o mesmo que eu penso: Que a amo. E mesmo não podendo correr para depois pular nos meus braços me chamando de “Sargento lindo!”, “ meu poeta” como faz a Bárbara, Debinha vem de joelhos silenciosamente ao meu encontro sorrindo. Preocupo-me tanto que fira os joelhos ao vim tão apressada, mas me surpreendo ao examina-los e percebo que sequer estão vermelhos, acho que assim como todos os anjos da guarda, ela vem levitando e eu, para não desmascarar seu disfarce finjo que não vi arranhões neles e assim posso continuar sempre ao lado do meu anjo, pois não sei o será quando Deborah descobrir que descobri a sua verdadeira identidade...Temo que volte a ser invisível como todos os anjos da guarda.


Deus, o que Debinha pensa quando me surpreende chorando deitado no seu colo? Será que ela pensa que brinco com gotas de orvalhos, ou será que consegue ler meus pensamentos e mesmo assim continue fingindo assim como eu por medo do encanto de nossa vida se acabar de modo tão efêmero.





Transcrito do livro: O Diário de Déborah

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PS: Só para responder as muitas pessoas que buscam um exemplar do Livro O Diário de Déborah, no Domingo, 28 de junho, durante o lançamento ro Ronda do Quarteirão, do qual me orgulho de ter sido convidado para fazer parte da equipe, o Amigo Dr Ivo Gomes, se propôs a publicar o meu livro. Oxalá que em dezembro, durante o aniversário de Debinha eu realize este meu sonho. Agradecer também ao Governador Cid Gomes pelo apóio.

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